Notícia que pouco você vai ver na imprensa golpista. Só gente boa sendo enquadrada.
É a verdadeira caixa de pandora.
Espaço dedicado ao debate de assuntos diversos do cotidiano, seja futebol, política, arquitetura ou alguma outra pertinência. Puxem a cadeira e sintam-se a vontade.
Chongqing: socialismo numa cidade
18/11/2009, Robert Dreyfuss, The Nation
Escrevo hoje de Chongqing, vasta cidade na China central, porta de entrada para o oeste do país. Para alguns, Chongqing é a maior cidade do mundo, um município com 32 milhões de habitantes; mas, como já entendi, essa definição está errada, porque esse número é a soma das populações de várias cidades-satélites acrescida de 20 milhões de habitantes da área rural. Há alguns anos, a China excluiu a cidade de Chongqing e seus 32 milhões de habitantes, da província de Szechuan; e converteu-a em município autônomo. Hoje, Chongquing é projeto-piloto do movimento de planejamento urbano mais importante em andamento na China e, provavelmente, em todo o mundo: a urbanização planejada de nada menos de meio bilhão de pessoas, deslocadas de áreas rurais e vilas e realocadas em cidades construídas especialmente para essa realocação. "Chongqinq," diz Wen Tianping, porta-voz da cidade, "é um microcosmo da própria China".
A escala do projeto dá vertigem. Em Chongqing, por tempo não definido, planeja-se deslocar, por ano, 500 mil habitantes de áreas rurais, para áreas urbanas. Significa que Chongqinq tem de planejar, implantar e construir uma cidade do tamanho de Atlanta, Georgia, por ano; com empregos, estradas, infraestrutura, escolas, hospitais e mais e mais. É projeto que está sendo construído na China já há 20 anos, durante os quais 200 milhões de pessoas já foram urbanizadas e, ao longo da próxima geração, outras 200-300 milhões de pessoas seguirão as pegadas dos primeiros milhões.
"Temos planos, cronogramas e metas", diz Qian Lee, diretor dos negócios de promoção geral do projeto. "Não se pode planificar tudo. Mas não fazemos planos para serem abandonados. O que planejamos fazemos. Como dizemos na China, aqui se faz tudo cientificamente".
E o caso é que, na China, o planejamento funciona.
A população em Chongqinq permaneceu onde estava por muitos anos, mas, agora, toda a municipalidade está sendo transformada, de rural, para urbana. No centro da cidade vivem 5-6 milhões de pessoas; nas cidades-satélites, 1 milhão ou mais; e células urbanas nascem como cogumelos ao redor das cidades-satélites, cada uma com 200-500 mil almas. "Planejamos seis centros regionais, cada um com 1 milhão de habitantes", diz Qian Lee. À medida que as pessoas mudam-se das fazendas para as vilas, parte da terra está sendo adaptada para uso industrial; e parte será usada para a produção agrícola industrializada, mais eficiente. "Chongqinq será o que chamamos de "cabeça de dragão" de um motor econômico para toda a região do Alto Rio Yangtze, e modelo para outras áreas rurais-urbanas planejadas e equilibradas."
Como centro no interior do país, Chongqing foi um pouco menos vulnerável à reviravolta econômica que veio depois da crise financeira de 2008. Isso porque, diferente das cidades do sul da Cnina e Xangai, por exemplo, Chongqinq depende menos da exportação de manufaturados para a Europa e EUA. Assim, quando o colapso financeiro espalhou-se pelo mundo e a economia despencou, a queda na demanda por bens fabricados na China não teve impacto tão forte em Chongqing quanto em outras partes da China. Mesmo assim, 12% da economia de Chongqinq está relacionada às exportações; e, quando a crise pesou, o desempprego explodiu em Chongqing – como em toda a China.
A China lançou seu próprio programa de estímulo à economia, cujas dimensões não são muito bem conhecidas. Segundo Stephen Green, do Banco Standard and Chartered, que encontrei em Xangai, o estímulo chinês no plano doméstico torna quase ridículos os números norte-americanos. Oficialmente, diz ele, foram pelo menos 600 bilhões, mas podem ter chegado a 3,5 trilhões, sobretudo se se contam os estímulos oferecidos no plano das províncias, por cidades e províncias como Chongqinq.
"Quando a crise nos atingiu, várias fábricas fecharam", diz Wen Tianping. Chongqing lançou seu plano de estímulo "Inverno Quente", de vastas somas, com programas de crédito para que muitos dos 3,5 milhões de desempregados pudessem começar negócios próprios, com empréstimos e garantias de crédito para pequenos negócios, lançamento de novos parques industriais, subsídios diretos para 1.500 novos tipos de negócios e, claro, usando o ás-na-manga chinês: o fato de que a China ainda é país comunista, com imensa quantidade de empresas estatais que controlam todos os principais setores da economia. As estatais, diz Wen, "receberam ordem para não cortar empregos". Hoje, Chongqinq está plenamente recuperada; não bastasse, a região está crescendo a taxas de 13%.
Nos EUA há quem creia que a China abandonou o socialismo e converteu-se em Estado selvagem à moda ocidental, capitalismo liberado para todos. Nada mais distante da realidade. Sim, há multinacionais dos EUA operando na China, investindo e construindo fábricas, tanto para exportar quando para atender o mercado de 1,3 bilhão de consumidores chineses. (Mais de 100 das 500 empresas norte-americanas listadas na revista Fortune já operam em Chongqinq, inclusive a Hewlett-Packard, cuja fábrica montadora de laptops produzirá 10 milhões de computadores por ano, segundo informação de funcionários em Chongqing.) Nada disso altera o fato que que na China todas as indústrias-chave são estatais: bancos, energia, petróleo, transporte, telecomunicações (inclusive a gigantesca empresa chinesa de telefones celulares que, em breve, alcançará a cifra de 500 milhões de assinantes). O sistema de bancos da China – que inclui quatro ou cinco bancos nacionais gigantes, 17 bancos comerciais médios, e cerca de 140 bancos comerciais municipais – navegou serenamente através do furacão da crise mundial de 2008-2009. Praticamente nenhum deles foi contaminado pelo vírus dos créditos podres e dos seguros especulativos que destruiu a AIG, o banco Lehman e vários outros agentes.
Pelo que vi até aqui, nada faz crer que a China esteja pensando em privatizar suas indústrias-chave. E o sistema de planejamento centralizado continua operando a pleno vapor.
23/novembro/2009 19:49
Saiu no blog do Nassif:
Especialista quebra sigilo da urna eletrônica
Por George
Por Guilherme Felitti, do IDG Now!
Especialista ganha prêmio do TSE por registrar interferência da urna sobre rádio, o que permitiria romper segredo por meio de receptores baratos.
Durante os testes promovidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para testar a segurança da urna eletrônica a ser usada nas eleições de 2010, um perito teve sucesso em quebrar o sigilo eleitoral e descobrir, por meio de radiofrequência, o candidato escolhido pelo eleitor.
Leia a íntegra no blog do Nassif.
Em tempo: o maior defensor da urna eletrônica, o ministro Nelson Jobim (defesa), é aquele da “babá eletrônica” que derrubou os ínclitos delegados Paulo Lacerda e Protógenes Queiroz.
Atualizado em 17 de novembro de 2009 às 23:07 | Publicado em 17 de novembro de 2009 às 23:00
Exmo. Sr. Presidente da RepúblicaAtualizado e Publicado em 20 de novembro de 2009 às 12:41
Ele refere-se à novela Viver a Vida, de Manoel Carlos.
por Chico Mendes
O que se viu ali foi a metáfora de tristes tempos: Uma negra com roupas que lembravam a vestimenta de escravas, cabelos desgrenhados, face sofrida com lágrimas a escorrer pelos olhos, ouvindo palavras fortes da Sinhá, da senhora de engenho, geralmente a senhora de engenho, branca como leite de cabra, era casada apenas para que o marido fosse aceito na sociedade. A sinhá não despertando mais desejo sexual no macho reprodutor fica isolada dentro de casa, sem precisar trabalhar. A agressora na novela não trabalha. Típica metáfora da senhora de engenho. O macho reprodutor não encontrando ali razões para desembestar sua libido vai à caça. E Helena aparece, não só ela mas e mais outras. A senhora de engenho, fria sexualmente pelo pudor que a conteve em seu casulo se revolta contra este mundo que se abre para seu macho, seu troféu. Nos tristes tempos, as senhoras de engenho sabendo que o macho reprodutor saira à procura do quente sexo se vingava e com um alicate arrancava os mamilos das escravas e também com cabo de vassoura rasgava seu ventre a partir da vagina ou ânus. Como os tristes tempos não podem vir em sua inteireza, era preciso que uma fatalidade irrompesse na vigança: e eis que a cena se apresenta. A escrava se ajoelha diante da senhora de engenho e convencida de estar culpada se prepara para ser violentada. Nos dias que se seguem à cena racista, o que se vê são capítulos dando mostras de que Helena está até mais satisfeita que Thereza. A Sinhazinha está em estado depressivo e causando pena. A filha dando chilique em virtude de seu real estado. Tudo isso provoca nos telespectadores suas escolhas, suas preferências. Inconsciente ou consciente. Thereza é heroína, a filha paraplégica(em substituição ao motivo sexual) é a desculpa e Helena, a criminosa. A semana só NÃO terminou pior porque um dia depois o Ali Kamel e sua Globo e seus milhares de telespectadores racistas foram derrotados pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que considerou o sistema de cotas raciais constitucional.
A Polícia Civil concluiu na última sexta-feira o inquérito que investigava a veiculação de campanha publicitária caluniosa contra a governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB).
Oito integrantes da FAG (Federação Anarquista Gaúcha), que publicou cartazes publicitários com conteúdo considerado criminoso pela polícia, foram indiciados por crime contra honra, incitação ao crime e formação de quadrilha ou bando.
Segundo o delegado André Mocciaro, titular da 17 ª Delegacia de Polícia, a liberdade de expressão e o direito de reunião, constitucionalmente assegurados, assim como a internet, espaço mundial para livres manifestações, não podem servir de escudos e meios para prática de crimes.
A Polícia Civil cumpriu mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça, sendo apreendidos diversos materiais, inclusive as matrizes do material investigado, computadores, bem como foram adotadas providências quanto ao conteúdo publicado na internet.
Segundo a polícia, também foram ouvidos cerca de 20 representantes de diversas entidades que deflagraram neste ano campanha publicitária ofensiva contra a governadora.
Fantasmas surgem da escuridão. Ainda não sabem direito para onde seguir. A mídia, confusa, chega ao ponto de dizer o que um entrevistado disse e mostrar logo em seguida que ele não disse, como mostra o Cloaca. Mas tentam, ficaram animados. Pouco importa que o recente apagão não traduza crise de energia, o que é claro. A escuridão trata de fazer os gatos todos ficarem pardos. Aliás, foi o que José Serra e alguns outros representantes da noite aprenderam recentemente com o professor Drew Western, que diz que o importante não é fazer um eleitor pensar, mas sentir. Ou, mais vale parecer que é do que ser. Como se essa gente mal iluminada não soubesse, poderiam até ensinar.
Mas estou com uma pulga atrás da orelha. Não chego ao ponto de desconfiar, como o Eduardo Guimarães, de redações preparando edição sobre o apagão antes do fato. Menos. Mas acho que não é nada difícil no quadro atual aparecerem crimes políticos para alimentar o forno da mídia, que carece de mais lenha. E fui pesquisar para encarar meus medos e desconfianças.
Com umas googadas, achei uma tese do último Simpósio de Inovação Tecnológica, de autoria de André Luiz Carneiro de Araújo, Paulo Régis Carneiro de Araújo e Antônio Themóteo Varela. Trata-se de uma solução tecnológica para evitar furto de cabos elétricos. Segundo eles, algo que acontece com freqüência. Para mostrar o funcionamento de suas idéias, analisam o processo do ataque dos ladrões:
Em um primeiro cenário, o indivíduo que deseja violar o sistema inicialmente tenta derrubar o sistema elétrico. Há duas formas em que ele pode fazer isso. A primeira é abrindo as canelas que fica antes do transformador. Neste caso a concessionária não tem como identificar o evento. A segunda é provocando um curto fase-fase ou fase-neutro que aciona o dispositivo de segurança do sistema. A concessionária consegue identificar o evento, entretanto não consegue determinar se o evento é um furto ou outro problema qualquer em sua rede.
Diante das manifestações que se estão preparando em toda a Europa, de protesto contra o desemprego, escrevi, a pedido de um grupo de sindicalistas, o texto que a seguir se reproduz.
Não ao Desemprego
A gravíssima crise económica e financeira que está convulsionando o mundo traz-nos a angustiante sensação de que chegámos ao final de uma época sem que se consiga vislumbrar o que e como será o que virá de seguida.
Que fazemos nós, que assistimos, impotentes, ao avanço esmagador dos grandes potentados económicos e financeiros, loucos por conquistar mais e mais dinheiro, mais e mais poder, com todos os meios legais ou ilegais ao seu alcance, limpos ou sujos, regulares ou criminais?
Podemos deixar a saída da crise nas mãos dos peritos? Não são eles precisamente, os banqueiros, os políticos de máximo nível mundial, os directores das grandes multinacionais, os especuladores, com a cumplicidade dos meios de comunicação social, os que, com a soberba de quem se considera possuidor da última sabedoria, nos mandavam calar quando, nos últimos trinta anos, timidamente protestávamos, dizendo que não sabíamos nada, e por isso nos ridicularizavam? Era o tempo do império absoluto do Mercado, essa entidade presunçosamente auto-reformável e auto-regulável encarregada pelo imutável destino de preparar e defender para sempre e jamais a nossa felicidade pessoal e colectiva, ainda que a realidade se encarregasse de desmenti-lo a cada hora que passava.
E agora, quando cada dia aumenta o número de desempregados? Vão acabar por fim os paraísos fiscais e as contas numeradas? Será implacavelmente investigada a origem de gigantescos depósitos bancários, de engenharias financeiras claramente delitivas, de inversões opacas que, em muitos casos, mais não são que massivas lavagens de dinheiro negro, do narcotráfico e outras actividades canalhas? E os expedientes de crise, habilmente preparados para benefício dos conselhos de administração e contra os trabalhadores?
Quem resolve o problema dos desempregados, milhões de vítimas da chamada crise, que pela avareza, a maldade ou a estupidez dos poderosos vão continuar desempregados, mal-vivendo temporariamente de míseros subsídios do Estado, enquanto os grandes executivos e administradores de empresas deliberadamente conduzidas à falência gozam de quantias milionárias cobertas por contratos blindados?
O que se está a passar é, em todos os aspectos, um crime contra a humanidade e desde esta perspectiva deve ser analisado nos foruns públicos e nas consciências. Não é exagero. Crimes contra a humanidade não são apenas os genocídios, os etnocídios, os campos de morte, as torturas, os assassinatos selectivos, as fomes deliberadamente provocadas, as contaminações massivas, as humilhações como método repressivo da identidade das vítimas. Crime contra a humanidade é também o que os poderes financeiros e económicos, com a cumplicidade efectiva ou tácita de os governos, friamente perpetraram contra milhões de pessoas em todo o mundo, ameaçadas de perder o que lhes resta, a sua casa e as suas poupanças, depois de terem perdido a única e tantas vezes escassa fonte de rendimiento, quer dizer, o seu trabalho.
Dizer “Não ao Desemprego” é um dever ético, um imperativo moral. Como o é denunciar que esta situação não a geraram os trabalhadores, que não são os empregados os que devem pagar a estultícia e os erros do sistema.
Dizer “Não ao Desemprego” é travar o genocídio lento mas implacável a que o sistema condena milhões de pessoas. Sabemos que podemos sair desta crise, sabemos que não pedimos a lua. E sabemos que temos voz para usá-la. Frente à soberba do sistema, invoquemos o nosso direito à crítica e ao nosso protesto. Eles não sabem tudo. Equivocaram-se. Enganaram-nos. Não toleremos ser suas vítimas.
José Saramago
A guerra fria acabou? Contraditoriamente, talvez a festa que a grande mídia internacional fará hoje para comemorar seu fim, com a queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1983, prove exatamente o contrário. Velhos clichês estarão de volta, embalados em belas imagens. Lembrarão que os maus comunas do lado de lá impediam seu povo de usufruir as maravilhas do mundo capitalista. Mas há vozes dissonantes, que não serão convidadas para os canapés, provando que o Fla x Flu resiste ao tempo. O historiador americano William Blum é uma delas, em artigo traduzido recentemente no Resistir cita um jornal vermelhíssimo de 1963 que aponta uma justa motivação:
"Berlim Oeste ressentiu-se economicamente do muro com a perda de cerca de 60 mil trabalhadores especializados que saíam diariamente das suas casas em Berlim Leste para os seus locais de trabalho em Berlim Oeste"
Existe o falso compromisso nas redações de que o trabalho jornalístico deve sempre ouvir os dois lados, se existirem. É uma grande balela, todos sabem. No caso do MST, então, o desequilíbrio é ainda mais grave. Hoje, toda a mídia demonizou o MST em sua jornada de lutas no Pará. Repetem somente a versão dos ruralistas, que relatam depredações e violências nas fazendas Santa Bárbara, do condenado Daniel Dantas, e na Rio Vermelho. Não há uma linha de informação sobre o que está em disputa, a história destas propriedades, seus negócios e o direito sobre as terras. Vamos a alguns fatos que a mídia não quis publicar:
Em Tucuruí, as terras da fazenda Piratininga foram desapropriadas em 2008 por serem griladas da União. Sendo uma área com 80% de floresta, o MST propôs que o assentamento fosse agroextrativista e a área de reserva legal fosse comunitária. Porém, madeireiros e posseiros da região estão, desde a época, desmatando a área de reserva, ameaçando e expulsando as famílias do assentamento. Estas terras foram aforadas com a família Mutran e tinham o propósito de servir para exploração de castanhas. Ao invés disso, foi desmatado todo o castanhal e plantado pasto para a pecuária. Depois, ainda foram “vendidas” para a Agropecuária Santa Bárbara (Daniel Dantas) que continua com a pecuária extensiva nas terras. De fevereiro até o atual momento, 18 trabalhadores foram baleados pela escolta armada da fazenda de Dantas, bem como há freqüentes ameaças e seqüestros dos trabalhadores acampados.
Cerca de 200 famílias se mobilizaram na ocupação da PA 158 em frente à Fazenda Rio Vermelho, em Sapucaia, do grupo Quagliato, dono da Empresa Quamasa – Quagliato da Amazônia Agropecuária S/A. A vistoria da terra realizada pelo Incra já confirmou que a área é da União, além da fazenda ser utilizada de forma irregular, esteve durante vários anos na lista de fazendas que utilizavam trabalho escravo. Em julho de 2009, o MPF e o IBAMA multaram fazendeiros e frigoríficos, dentre as multadas estava a fazenda Rio Vermelho, que deve à justiça mais de R$ 375 milhões de reais.
Junto a estas informações, a mídia bem que podia publicar aqueles gráficos bonitos que fazem, para localizar a informação e lembrar de outras do passado. Neste caso, poderiam desenhar um mapa da região entre as duas fazendas. Quase no meio, fica a cidade de Eldorado de Carajás. Ali, na rodovia PA-150, nossos jornalistas poderiam lembrar que, em 1996, 19 trabalhadores rurais sem-terra foram assassinados com tiros à queima-roupa e golpes de machado e facão, sinais evidentes de execução, pela polícia militar, sob ordens do então governador Almir Gabriel (PSDB), naquele que ficou conhecido como o Massacre dos Carajás.
Mas é certo que nada disso será dito, nada lembrado. Mesmo que estas informações estejam facilmente disponíveis. Bastaria consultar o próprio site do MST.
A versão que fica é dos que fazem trabalho escravo, que roubam terras da União para derrubar florestas, que especulam e devem multas vultosas ao Estado. São eles as únicas fontes da nossa mídia. É para eles que trabalham.
Crédito da foto: Sebastião Salgado
Atualizado e Publicado em 08 de novembro de 2009 às 14:54
A ANEXAÇÃO DA COLOMBIA AOS ESTADOS UNIDOS
por Fidel Castro, na Agencia Cubana de Notícias
Qualquer pessoa medianamente informada compreende de imediato que o adoçado “Acordo Complementar para a Cooperação e a Assistência Técnica em Defesa e Segurança entre os governos da Colômbia e dos Estados Unidos”, assinado em 30 de outubro e publicado na tarde do dia 2 de novembro equivale a anexação da Colômbia aos Estados Unidos.
O acordo põe em dificuldades a teóricos e políticos. Não é honesto guardar silêncio agora e falar depois sobre soberania, democracia, direitos humanos, liberdade de opinião e outras delicias, quando um país é devorado pelo império com a mesma facilidade com que um lagarto captura uma mosca. Trata-se do povo colombiano, abnegado, trabalhador e lutador. Procurei no longo calhamaço uma justificação digerível e não encontrei razão alguma.
Nas 48 páginas de 21 linhas, cinco são dedicadas a filosofar sobre os antecedentes da vergonhosa absorção que torna a Colômbia em território de ultramar. Todas se baseiam nos acordos assinados com os Estados Unidos após o assassinato do prestigioso líder progressista Jorge Eliécer Gaitán no dia 9 de abril de 1948 e a criação da Organização de Estados Americanos em 30 de abril de 1948, discutida pelos Chanceleres do hemisfério, reunidos em Bogotá sob a batuta dos Estados Unidos nos dias trágicos em que a oligarquia colombiana truncou a vida daquele dirigente e desatou a luta armada nesse país.
O Acordo de Assistência Militar entre a República da Colômbia e os Estados Unidos, no mês de abril de 1952; o vinculado à “uma Missão do Exército, uma Missão Naval e uma Missão Aérea das Forças Militares dos Estados Unidos”, assinado no dia 7 de outubro de 1974; a Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas, de 1988; a Convenção das Nações Unidas contra a Criminalidade Organizada Multinacional, de 2000; a Resolução 1373 do Conselho de Segurança de 2001 e a Carta Democrática Interamericana; a de Política de Defesa e Segurança Democrática, e outras que são invocadas no referido documento. Nenhuma justifica transformar um país de 1 141 748 quilômetros quadrados, situado no coração da América do Sul, em uma base militar dos Estados Unidos. A Colômbia tem 1,6 vezes o território de Texas, segundo Estado da União em extensão territorial, arrebatado ao México, e que mais tarde serviu de base para conquistar a sangue e fogo mais da metade desse irmão país.
Por outro lado, transcorreram já 59 anos desde que soldados colombianos foram enviados até a longínqua Ásia para combaterem junto às tropas ianques contra chineses e coreanos no outubro de 1950. O que o império tenta agora é enviá-los a lutar contra seus irmãos venezuelanos, equatorianos e outros povos bolivarianos e da ALBA para destruir a Revolução Venezuelana, como tentaram fazer com a Revolução Cubana no mês de abril de 1961.
Durante mais de um ano e meio, antes da invasão, o governo ianque promoveu, armou e utilizou os bandos contra-revolucionários do Escambray, como hoje utiliza os paramilitares colombianos contra a Venezuela.
Quando o ataque de Bahia dos Porcos, os B-26 ianques tripulados por mercenários que operaram desde a Nicarágua, seus aviões de combate eram transportados para a zona das operações num porta-aviões e os invasores de origem cubana que desembarcaram naquele ponto vinham escoltados por navios de guerra e pela infantaria de marinha dos Estados Unidos. Hoje seus meios de guerra e suas tropas estarão na Colômbia não apenas como uma ameaça para a Venezuela senão para todos os Estados da América Central e da América do Sul.
É verdadeiramente cínico proclamar que o infame acordo é uma necessidade de combate ao tráfico de drogas e ao terrorismo internacional. Cuba tem demonstrado que não é preciso a presença de tropas estrangeiras para evitar a cultura e o tráfico de drogas e para manter a ordem interna, apesar de que os Estados Unidos, a potência mais poderosa da terra, promoveu, financiou e armou durante dezenas de anos as ações terroristas contra a Revolução Cubana.
A paz interna é uma prerrogativa elementar de cada Estado; a presença de tropas ianques em qualquer país da América Latina visando esse objetivo é uma descarada intervenção estrangeira em seus assuntos internos, que inevitavelmente provocará a rejeição de sua população.
A leitura do documento demonstra que não apenas as bases aéreas colombianas são postas nas mãos dos ianques, mas também os aeroportos civis e no fim das contas, qualquer instalação útil a suas forças armadas. O espaço radioelétrico fica também à disposição desse país portador doutra cultura e de outros interesses que não têm nada a ver com os da população colombiana.
As Forças Armadas norte-americanas gozarão de prerrogativas excepcionais.
Em qualquer parte de Colômbia os ocupantes podem cometer crimes contra as famílias, os bens e as leis colombianas, sem ter que responder perante as autoridades do país; a não poucos lugares levaram os escândalos e as doenças, como o fizeram com a base militar de Palmerola, nas Honduras. Em Cuba, quando visitavam a neocolônia, sentaram-se escarranchados sobre o colo da estátua de José Martí no Parque Central da capital. A limitação vinculada ao número total de soldados pode ser alterada a pedido dos Estados Unidos, sem restrição alguma. Os porta-aviões e navios de guerra que visitem as bases navais concedidas terão quantos tripulantes precisarem, e podem ser milhares em um só de seus grandes porta-aviões.
O Acordo será prorrogado por períodos sucessivos de 10 anos e ninguém pode alterá-lo senão no fim de cada período, comunicando-o com um ano de antecedência. O que farão os Estados Unidos se um governo como o de Johnson, Nixon, Reagan, Bush pai ou Bush filho e outros semelhantes recebesse a solicitação de abandonar Colômbia? Os ianques foram capazes de derrocar dezenas de governos em nosso hemisfério. Quanto duraria um governo na Colômbia se anunciasse tais propósitos?
Os políticos da América Latina têm agora perante si um delicado problema: o dever elementar de explicar seus pontos de vista sobre o documento de anexação. Compreendo que o que acontece neste instante decisivo das Honduras ocupe a atenção dos meios de divulgação e dos Ministros das relações Exteriores deste hemisfério, mas o gravíssimo e transcendente problema que acontece na Colômbia não pode passar inadvertido para os governos latino-americanos.
Não tenho a menor dúvida sobre a reação dos povos; sentirão o punhal que se crava no mais profundo de seus sentimentos, especialmente no profundo da Colômbia: eles opor-se-ão, jamais se resignarão a essa infâmia!
O mundo encara hoje graves e urgentes problemas. A mudança climática ameaça a toda a humanidade. Líderes da Europa quase imploram de joelhos algum acordo em Copenhague que evite a catástrofe. Apresentam como realidade que na Cúpula não se alcançará o objetivo de um convênio que reduza drasticamente a emissão de gases estufa. Prometem continuar a luta por consegui-lo antes de 2012; existe o risco real de que não se possa conseguir antes que seja demasiado tarde.
Os países do Terceiro Mundo reclamam com razão dos mais desenvolvidos e ricos centenas de milhares de milhões de dólares anuais para custear as despesas da batalha climática.
Tem algum sentido que o governo dos Estados Unidos dedique tempo e dinheiro na construção de bases militares na Colômbia para impor aos nossos povos sua odiosa tirania? Por esse caminho, se um desastre ameaça o mundo, um desastre maior e mais rápido ameaça o império e tudo seria resultado do mesmo sistema de exploração e saqueio do planeta.
Fidel Castro Ruz
6 de novembro de 2009
10h39
Agência Cubana de Notícias
Atualizado em 01 de novembro de 2009 às 21:22 | Publicado em 01 de novembro de 2009 às 21:01
por Luiz Carlos Azenha
Poucas vezes vi uma ilustração tão própria como a que o jornal O Globo escolheu para acompanhar a carta-testamento de Fernando Henrique Cardoso.
O ilustrador Cláudio Duarte está de parabéns.
Primeiro, pela originalidade. A não ser por duas ou três ocasiões, nunca tinha visto esse uso de um defeito físico alheio para mandar uma mensagem política. Uma dessas ocasiões foi em Roraima, quando apoiadores do prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero, usavam os quatro dedos de Lula para denunciar o que diziam ser interferência federal. Foi quando o governo mandou a PF evitar violência entre as partes envolvidas na disputa pelas terras da reserva Raposa Serra do Sol. Violência que, na verdade, partiu de Quartiero e outros grileiros e não foi episódica. Vinha sendo praticada há alguns anos sob as barbas das autoridades brasileiras.
Mas, voltando ao Duarte, além de "original" o trabalho dele exibe nuances que capturam toda a complexidade da cena política brasileira. É uma ilustração de fineza e sutileza ímpares. Teria sido sofisticação intelectual do Duarte escolher o "Stop", em inglês, para sugerir a matriz do pensamento fernandista? Ou o ilustrador se deixou trair pelo próprio macaquismo intelectual? Só perguntando a ele.
De qualquer forma, acho que a ilustração resume a qualidade intelectual e moral do projeto político capitaneado pelo governador paulista José Serra. Deveria fazer parte da campanha dos tucanos em 2010.
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Depois da polêmica ilustração no Globo para o artigo de FHC, da contribuição do Esquerdopata, segue minha sugestão gráfica para guiar os passos das aves bicudas, que passam por momento de grande dificuldade de direção. Peço desculpas pelo uso do inglês, é que esse pessoal só obedece a ordens nesta língua.
30/outubro/2009 9:06
Saiu na Folhaonline (*):
Zelaya e Micheletti chegam a um acordo em Honduras
Do UOL Notícias
Em São Paulo*
Sob pressão internacional, a comissão de diálogo do presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, assinou nesta quinta-feira (sexta-feira no Brasil) um acordo com os representantes do presidente deposto, Manuel Zelaya, para dar ao Congresso a tarefa de decidir sobre a restituição do líder, destituído por um golpe militar há quatro meses.
Perderam o PiG(**) brasileiro e o PiG (**) de Honduras.
Perdeu o Zé Pedágio, que disse que o Brasil tinha feita uma “trapalhada” em Honduras
Perderam os ministros da relações exteriores da GloboNews, embaixadores aposentados, pagos pelo contribuinte brasileiro, que vão para a televisão falar mal do Brasil.
O governo golpista de Honduras – reconhecido pelo PiG(**) brasileiro e repudiado pelo mundo inteiro – cedeu.
E vai se submeter a uma decisão do Congresso.
Ou seja, o Congresso decide sobre a sorte de Zelaya.
E as eleições presidenciais de novembro valem.
O golpe perdeu para a democracia.
E isso só foi possível porque a diplomacia brasileira deu abrigo a Zelaya e criou um fato político incontornável: o golpe tinha que ceder.
Paulo Henrique Amorim
(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele acha da investigação, da “ditabranda”, do câncer do Fidel, da ficha falsa da Dilma, de Aécio vice de Serra, e que nos anos militares emprestava os carros de reportagem aos torturadores.
(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
Encontrei o meu amigo no restaurante, depois da pelada de Corinthians e Palmeiras.
Ele é uma espécie de cartola do futebol paulista (às vezes).
Reclamo da baixa qualidade do futebol brasileiro.
Desse Brasileirão que dá sono.
Um campeonato que leva o Ronaldo a sério, eu disse.
Qualquer joguinho do futebol inglês é melhor do que o Brasileirão.
Como resolver isso, cobro com a autoridade de tricolor, depois da virada sensacional em cima do Cruzeiro.
Tem que tirar a Globo do negócio, ele explica.
Esse campeonato é o que interessa à Globo.
Ela vende publicidade por um bilhão de reais e lá vai pedrada.
E paga 400 milhões aos clubes.
Mas, paga em suaves prestações, com adiantamentos.
O adiantamento funciona como o “armazém” do trabalho escravo contemporâneo.
O adiantamento salva e sufoca os clubes, que vivem do pingadinho do “armazém”.
Resultado, os clubes não podem investir mais.
Tem que aceitar jogos às 10 horas da noite.
E às três horas da tarde, como ontem, debaixo de 40 graus.
Porque a programação da Globo é intocável.
O Brasileirão, assim, só é bom para a Globo, ele diz.
E ainda ficam aqueles locutores da Globo a dizer que o jogo é sensacional, que os jogadores são uma maravilha.
E não tem nenhum ali na seleção …
Pergunto: por que os clubes não pedem ao Lula para fazer como a Cristina Kirchner ?
O que ela fez ?
Comprou o “argentinão”, passa na tevê estatal, e quem quiser vai lá e pega o sinal.
Fiquei sem resposta.
Viva o Brasil !
Paulo Henrique Amorim