segunda-feira, 26 de abril de 2010

O preço do capitalismo - Livros para a fogueira

Do tijolaço.
É o preço do capitalismo, amigo. Não há valores, não há ética, não há sustentabilidade. O que importa é o mercado, é o capital...

Uma editora que manda destruir livros?

Um grande brasileiro, mais lembrado por seu amor às crianças, à cultura e por sua defesa do petróleo brasileiro, tinha uma outra grande, imensa paixão pelo veículo que transportava estas idéias e sentimentos. Monteiro Lobato, cujo 108° aniversário de nascimento transcorreu domingo passado, colocou tudo o que tinha – e perdeu tudo o que tinha – na tentativa de dar petróleo e livros ao Brasil, com a sua pioneira Ediçõers Melhoramentos. Se não tivesse morrido em 1948, morreria agora, com esta notícia.

É que a maior casa editora do país, a Ediouro, mandou uma mensagem mandando que os livreiros destruíssem centenas de títulos - e milhares de exemplares – de livros que não estão tendo “boa saída”. Entre os condenados à morte por estilete – a mensagem é detalhada sobre como deve ser a destruição e a sua prova – estão Mário Quintana, Tolstói, Ferreira Gullar, Shakespeare, Nélson Rodrigues…

Felizmente, diante do protesto dos livreiros, a editora suspendeu a ordem. Está negociando descontos para que sejam comprados por preço mais baixos e vendidos em promoção. Menos mal, mas só o fato de uma barbaridade assim ter sido ordenada já é um absurdo. Está aí um tema sobre o qual vou procurar agir, pois as casas editoras gozam de uma série de imunidades tributárias que representam um subsídio – e muito justo – à publicação de livros – inclusive destes livros que se mandou destruir.

Eles poderiam, perfeitamente, ser doados às escolas, bibliotecas, centros sociais públicos e não terem a fogueira ou a lixeira como destino. Com todo o respeito, achei uma monstruosidade um livreiro dizer na matéria que o feijão deveria ser gratuito, mas que aí não haveria mercado e o mesmo acontece com os livros. Isso não justifica que se jogue nem comida nem livros fora.

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