O Pedregulho precisa de cuidados. Ele é mais que um conjunto habitacional, é um símbolo não só para a arquitetura, mas para a política habitacional.
É preciso salvar o Pedregulho!
É de entristecer a leitura da matéria de hoje, na Folha de S. Paulo – com acesso só para assinantes – que relata o abandono total do Conjunto Habitacionla do Pedregulho. Acho que quase ninguém da minha geração o conhece, assim como não sabemos que o Brasil já teve um tempo em que construir casas para o povão não era fazer caixotes amontoados de terceira categoria, como se tornou padrão na “Era BNH” e, parece, modelo até hoje.
Mas já houve um tempo assim, sim. E um de seus protagonistas, da geração de Lúcio Costa, Niemeyer e tantos outros que imprimiram pensamento próprio à arquitetura brasileira, foi Afonso Reidy, autor de projetos supervisíveis, como o do Museu de Arte Moderna e de outros, esquecidos e abandonados, como o Conjunto do Pedregulho.
Vou transcrever trechos da matéria de Fábio Grellet, da Folha, que narra muito bem o que acontece ali.
“Apartamentos com até 80 metros quadrados, com vista para o mar, situados em condomínio com piscina, quadra esportiva, escola, lago, posto médico, lavanderia e mercado. Tudo em meio a jardins e obras de arte, na zona norte do Rio.
O que hoje parece anúncio de lançamento imobiliário para a classe média alta correspondia, em 1947, ao primeiro projeto de habitação popular criado pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy, então funcionário do Departamento de Habitação Popular do Distrito Federal.” (…)
“O conjunto habitacional, em São Cristóvão, começou a ser construído em 1948 e foi inaugurado, ainda inacabado, em 1950. Chamado Mendes de Moraes em homenagem a um prefeito, ficou conhecido mesmo por Pedregulho, nome de um largo próximo dali. O prédio principal, com sete pavimentos e 272 apartamentos, só ficou pronto em 1962.”
“Aos 59 anos, o conjunto ainda atrai muita gente -principalmente arquitetos e urbanistas -, mas quase nada lembra a época áurea do imóvel.
Sem manutenção, escadas e pontes cederam. Em muitos trechos o esgoto corre a céu aberto. Algumas áreas foram invadidas por moradores de rua, que dormem nas escadas ou nas lixeiras desativadas.”
A última reforma do conjunto foi em 1994, no segundo Governo Brizola. A primeira parte foi executada, as seguintes, abandonadas.Assista o vídeo, muito bacana, sobre o conjunto, um trailler do documentário “Pedregulho, o sonho é possível”, dirigido por Ivana Mendes, que posto aí em cima.
Reidy, que teria completado 100 anos em 2009, tinha este que os tenocratas “modernos” acham um feio vício, o de pensar que os pobres são gente.
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