terça-feira, 6 de outubro de 2009

Estátua de Marx corre risco de deixar Moscou

Do vi o mundo.
A bodega cede seu jardim para abrigar a estátua.

Moscou: O granito da estátua de Marx

Atualizado e Publicado em 05 de outubro de 2009 às 19:46

Moscou: o granito da estátua de Marx

30/9/2009, Dmitry Shlapentokh, Asia Times Online http://www.atimes.com/atimes/Central_Asia/KI30Ag03.html

Dmitry Shlapentokh, PhD, é professor associado de história do College of Liberal Arts and Sciences, Indiana University South Bend.
É autor de East Against West: The First Encounter. The Life of Themistocles, 2005.


Funcionários do Comitê de Artes Monumentais de Moscou estão discutindo planos para remover da cidade o único monumento de homenagem a Marx que ali existe, sob os mais variados argumentos.

O argumento que mais se ouve é que Marx, alemão (1818-1883) – filósofo e teórico de economia política, cujas ideias são consideradas a fonte original do comunismo moderno – jamais pôs os pés em Moscou. Por esse motivo, dizem alguns, o monumento em sua homenagem, na praça em frente ao Teatro Bolshoi, no centro de Moscou, não tem por que permanecer ali.

O monumento é uma escultura de Lev Kerbel – um busto de Marx, esculpido num bloco de granito; e a uma frase do Manifesto Comunista: “Trabalhadores do mundo, uni-vos”. Está onde está desde 1961.

Para um dos que têm participado dos debates, a estátua deve ser removida porque a presença de Marx em Moscou seria perturbadora por vários motivos, dentre os quais, ficou implícito, um motivo ideológico.

De fato, há em andamento uma guerra aos monumentos em todo o espaço pós-soviético, espaço no qual a história está sendo rearranjada às pressas para melhor atender às demandas do presente.

Em Tallinn, capital da Estônia, uma efígie em bronze de soldados soviéticos foi removida em 2007, porque foi considerada símbolo do opressivo império soviético, de fato, dos russos – asiáticos pervertidos que controlaram a Estônia por algum tempo; logo a Estônia, terra pacífica, habitada por pacíficos europeus.

Além disso, também os ossos de soldados soviéticos sepultados ao pé do monumento foram arrancados de seus túmulos e, monumento junto, foram transferidos para um cemitério distante. A remoção gerou forte protesto diplomático da Rússia e levou às ruas, em protestos, as minorias que falam russo, em Tallinn.

Coisa semelhante aconteceu na Geórgia, depois da guerra de agosto de 2008 contra a Rússia. Joseph Stalin perdeu sua “georgianidade” e passou a ser visto pelo governo como encarnação do imperialismo russo – sob cujo tacão, diz-se hoje, a Geórgia padeceu durante séculos. Uma enorme efígie de Stalin, na cidade ocidental de Gori – sua cidade natal – teve fim inglório, mês passado.

Até há pouco tempo, o fato de Stalin ser seu conterrâneo era tido como motivo de orgulho para os cidadãos de Gori e, de fato, para todos os georgianos. Os georgianos defenderam bravamente seu monumento, quando o ex-presidente Nikita Khrushchev tentou removê-lo, durante o processo de des-stalinização, no início dos anos 1960s. Mas em agosto de 2009, o monumento já era visto como uma mancha na democrática Geórgia, fiel amiga do Ocidente. E lá se foi o monumento, para o ex-Museu Stalin, hoje “Museu da Ocupação Russa”.

Eventos semelhantes também aconteceram em Moscou, no início da era pós-soviética no começo dos anos 90s. As autoridades de Moscou ainda desfiguram a face histórica da cidade, apagando monumentos muito conhecidos – o famoso Hotel Moskva, no centro da cidade, foi uma das vítimas mais recentes –, mas nesse caso o apagamento da história explica-se pela ganância (o metro quadrado muito valorizado), não por motivos ideológicos.

Quem defenda a remoção do busto de Marx bem poderia argumentar que a remoção justifica-se, porque a crise econômica devolveu boa parte da popularidade às ideias de Marx – e há risco de o monumento novamente inspirar as massas e levá-las a repetir a revolução socialista de c. 1905-1917.

As autoridades continuam visivelmente nervosas em relação a esse tema. Prova disso é que, em recente debate pela televisão, quando um dos debatedores atreveu-se a dizer que o povo deveria tomar as ruas para defender seus direitos, o debate foi repentinamente encerrado pelo apresentador. E em Março, quando houve uma greve numa pequena fábrica de alumínio, Pikalevo, perto de São Petersburgo, toda a imprensa nacional deu ampla cobertura ao ‘evento’ e Moscou envolveu-se diretamente na operação de pôr fim à greve.


Para ler na íntegra, vá aqui.

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