terça-feira, 6 de outubro de 2009

Futebol e política... e economia - Copa 2014

Do vermelho, extraído do vi o mundo.
A pergunta que não pode faltar: qual o real interesse da FIFA na construção de novos estádios?
parece-me óbvio, e pra você?

Porpeta: Copa não precisa de novos estádios

Atualizado e Publicado em 04 de outubro de 2009 às 18:33

4 de Outubro de 2009 - 0h01

Morumbi: mistura de futebol e política

Bruno Padron "Porpeta", no Vermelho

O estádio do Morumbi, em São Paulo, recebeu inúmeras críticas do Secretário-Geral da FIFA, Jérôme Valcke, e do Presidente da entidade, Joseph Blatter, a respeito das condições para sediar o jogo de abertura, ou até mesmo qualquer jogo, da Copa 2014. Só nos resta saber quais interesses se escondem atrás disso.

Sabe-se que a FIFA possui uma extensa lista de exigências para adequação de estádios ao seu padrão para sediar jogos da Copa do Mundo. Dentre elas estão a existência de assentos e sua respectiva cobertura, amplas áreas VIP e de imprensa, estacionamentos capazes de recepcionar uma multidão de carros, e outras.

Que o torcedor brasileiro é maltratado em todo e qualquer estádio não é novidade alguma. Mas porque não adequar os estádios já existentes às tais normas e evitar o desperdício de milhões de reais que, conforme as últimas declarações do capo da CBF, Ricardo Teixeira, sairão dos cofres públicos?

Já que alguns dos estádios a ser utilizados são privados, os próprios clubes deveriam arcar com tais despesas. E isto era uma das promessas da campanha Brasil 2014, que os investimentos em reformas de estádios seria privado, ficando a cargo do poder público as obras de infraestrutura das cidades. Já está virando balela.

Os dirigentes do futebol brasileiro não perdem tempo em jogar nas nossas costas o custo da Copa. E nós, coitados de nós!

A última polêmica em torno do assunto foi o “veto” ao Morumbi por parte da FIFA. Se inicialmente Valcke dizia que não haviam condições do estádio receber qualquer jogo da Copa, Blatter atenuou o discurso, afirmando que somente as finais e a abertura não poderiam ser realizadas.

O Secretário-Geral sugeriu que se apresentasse um projeto para outro estádio em São Paulo, e como nenhum outro poderia se enquadrar nas tais exigências, um novo deveria ser construido.

Além de tal ideia sair muito mais cara, também coloca em questão quais interesses podem estar submersos, tanto na escolha das cidades como na escolha das sedes dos jogos.

A Copa no Brasil será a primeira com 12 cidades-sede. As anteriores apresentavam 10 cidades, mas o número é muito pequeno para satisfazer a sanha de prefeitos e governadores Brasil afora.

Outra de difícil compreensão é a escolha das cidades. Onde algumas tem pouca tradição no futebol nacional e devem necessariamente construir estádios novos, cuja possibilidade de tornarem-se “elefantes brancos” é muito grande. Enquanto outras, que foram preteridas, já possuem estádios que necessitariam apenas de amplas reformas para adequação dos seus padrões.

No caso de São Paulo, não só é importante que o Morumbi receba jogos da Copa como também é fundamental que um destes seja o da abertura. Devido a grande tradição que o futebol paulista possui no cenário nacional, além do histórico do estádio do São Paulo FC, onde grandes decisões nacionais foram disputadas.

Mas ao mesmo tempo que a FIFA faz duras críticas ao Morumbi, uma legião de empreiteiras está a espreita para levantar um novo estádio, ou algumas campanhas eleitorais. Diz-se sobre um novo estádio na Marginal Tietê, que seria repassado ao Corinthians após sua utilização na Copa. Este golpe já vimos no Rio de Janeiro, onde o estádio do Engenhão foi construído para o Pan 2007 e posteriormente repassado ao Botafogo.

Segundo a entidade, além de acomodações internas, o Morumbi padece de falta de espaço para a construção de um gigantesco estacionamento nas proximidades. Mas se uma das propagandas do projeto Brasil 2014 era uma Copa sustentável, não faz sentido um estacionamento tão espaçoso. Assim como um novo estádio em um endereço onde praticamente só é possível o acesso com o uso do carro. Não bastam estádios sustentáveis, a vida dos habitantes deve também melhorar.

O estacionamento do estádio que sediou a final da Copa da Alemanha em 2006 ficava a 2 km de distância do mesmo. A França em 1998 utilizou estádios construídos para a Copa de 1938. Não se justifica em um país pobre como o Brasil a construção de mais estádios, temos outras prioridades que servem tanto à Copa quanto ao nosso cotidiano.

Para uma Copa realmente sustentável precisamos de altíssimos investimentos em transporte público coletivo. Com um sistema eficiente poderíamos conduzir os torcedores confortavelmente, a menor custo para o habitante/turista e menor agressão ao meio ambiente. Isso além de saneamento básico, atendimento de qualidade na saúde pública, dentre outros benefícios que o evento pode nos trazer.

Mas anda muito difícil continuar acreditando nas maravilhas que a CBF promete.

Cabe ao governo federal e governos municipais e estaduais envolvidos fiscalizar todo este percurso daqui até a Copa. Se farão, não se sabe.

A população ansiosa aguarda, quer seja o espetáculo, ou o tamanho da facada!

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