Do blog do Menon.
O DEUS DA MENTIRA
Pra que candidato? Pra que política? De uma década para cá, eles e ela têm um papel cada vez menor nas eleições. A ideologia é um penduricalho. Aqueles oradores maravilhosos de antes - como eu gostava de ouvir o Almino Affonso e o Ulysses Guimarães - são parte do passado. Comício, em contato direto com o povo, é anacrônico. O que vale agora é o que fala o marketeiro. Ele, o Deus, ele que decide tudo.
O marqueteriro deveria servir para colocar em filmes feitos para a televisão e em programas de rádio, as ideias do candidato. Se o candidato é a favor da descriminilização das drogas ou da liberação do aborto, caberia a ele, o marqueteiro, a dura missão de colocar essas ideias de pouca aceitação junto ao público, como algo palatável, que renda votos.
Não é isso que ocorre. Os marqueteiros não deixam ninguém ter opinião diferente do que o povo pede. Fazem pesquisas qualitativas, quantitativas etc e tal e descobrem o que o eleitor quer ouvir. E fazem o candidato repetir a ladainha.
Um dos motivos que me fazem votar em Dilma é o fato de ela ter enfrentado a ditadura militar atuando em uma organização clandestina. Não sei se pegou em armas - muito provavelmente sim - o que aumenta a minha vontade de votar nela. Só que isso é escondido na televisão. Não se pode falar o que se fez.
O poder do marketing foi aumentando tanto que, depois de decidirem o que deve e o que não deve ser dito e explicitado na campanha, eles resolveram criar até o programa de governo. Ou melhor, não respeitam o programa de governo e criam factóides iditotas.
Dois casos recentes mostram isso. Celso Pitta provavelmente nunca havia tido a ideia de um veículo leve sobre trilhos quando Duda Mendonça falou do fura-fila. E lá foi ele para a televisão repetir infinitamente, todo dia a necessidade de se ter um fura-fila. O nome é legal, cria-se uma animação e o político fica repetindo como uma matraca, como um papagaio.
Pitta foi eleito. Não fez o fura-fila. Marta veio depois. Não fez. Serra e Kassab não fizeram. E quem paga a conta da obra iniciada. Eu tenho uma sugestão: Duda Mendonça.
Outro caso: quando foi candidata à reeleição, Marta, que tinah ótima aprovação pelos CEUs e pelo bilhete único, era atacada por sua gestão na saúde. Então, o Duda mandou um médico barbudo e gordão - o Gonzalo Vecina, que parecia um papai noel - ficar falando de um projeto que eu esqueci o nome. Era uma maravilha, uma animação em 3D, com gráficos etc e tal. Não colou. E a Marta perdeu.
Não me conformo como os políticos podem se submeter às ídéias dos marqueteiros. O último caso é o de José Serra. Com 68 anos, um currículo imenso, ele se submente à constrangedora ideia de mudar de nome a um mes e meio da eleição. Não é mais o Serra. É o Zé. Zé de que? Zé da favela plástica, da favela de mentira, da Elba Ramalho de mentira.
Como uma pessoa pode aceitar isso? Já que é para perder, perca como Serra. Sair da eleição derrotado e com o nome de Zé é muito ruim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Não se utilizem de comentários ofensivos, que utilizem expressões de baixo calão ou preconceituosas. A bodega é livre, mas exige respeito.