segunda-feira, 2 de agosto de 2010

VIVA A MPB

Do blog do Menon.

VIVA A MPB

Há muitos e muitos anos, quando os pais de Luan Santana nem se conheciam, a música brasileira era linda. Forte, conhecida pelos brasileiros, dividida em correntes que tinham torcedores tão fanáticos como corintianos e palmeirenses. Eles se enfrentavam em festivais de música. Os mais importantes eram os da TV Record, de São Paulo.

O maior de todos os festivais foi o de 1967. Foi como se, na mesma Copa do Mundo, estivessem o Brasl de 70, a Alemanha de 74, a Argentina de 86 e o Uruguai de 30. Ou Ponteio, de Edu Lobo, Domingo no Parque, de Gilberto Gil, Roda Viva, de Chico Buarque e Alegria, Alegria, de Caetano Veloso. Pela ordem, os quatro primeiros classificados.

Gil, acompanhado pelos Mutantes, e Caetano, pelos Beat Boys, grupo pop argentino, trouxeram a guitarra ao palco e à música. Começava a nascer ali o Tropicalismo. Começava a morrer a dicotomia Musica Popular x Jovem Guarda.

Vivíamos em uma ditadura e ali estavam mudanças comportamentais acontecendo. E, em tudo havia a vontade de expressão, um protesto latente. Pode haver, para a época, algo mais subversivo do que Caetano Veloso, desconhecido, magérrimo, cabeludo, de gola rolê e blazer, sem smoking, gritando Por que não? Por que não?, em uma época em que nada se podia, em que o obrigatória era dizer Porque sim. Ou melhor, sim, senhor.


A gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar, mas eis que chega roda viva e manda o destino pra lá, dizia o jovem Chico, de 23 anos. E nada mais revolucionário do que a linguagem cinematográfica de Gilbero Gil para contar a tragédia de José, João e Juliana.

Tudo isso está no filme Uma NOite de 67, de Renato Terra e Ricardo Calil. Sensacional E tem mais. Tem Roberto Carlos cantando um samba, e muito bem. Tem Sérgio Ricardo revoltado com as vaias, quebrando seu violão e arremessando-o à plateia ensandecida. No dia seguinte, Notícias Populares deu a sua manchete. Violada em pleno auditório.

Vale a pena ver. Um argmento a mais: o documentário termina com Elis cantando O Cantador, de Dori Caimi e Nelson Mota, que ainda não era esse verme de hoje em dia. Dá até vontade de vaiar ao lembrar que a musica não ficou entre as seis primeiras. Ganhou apenas melhor intérprete. Melhor que o Luan, não acham?

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