Os trabalhadores que viram suco
A produção do suco está concentrada em poucas e grandes empresas. Além da Curale, a Citrosuco (grupo Fischer), a Citrovita (grupo Votorantim) e a francesa Louis Dreyfus, controlam praticamente todo o mercado e são acusadas de praticarem cartel e fixarem artificialmente – e para baixo – o preço pago ao produtor. E há muitas outras irregularidades, denunciadas por um dos industriais que integrava o grupo, Dino Tofini, e publicadas pela Folha de S. Paulo.
Há anos o Ministério Público do Trabalho tenta interferir nas condições de trabalho de 200 mil trabalhadores. Durante os últimos anos, diversas vezes grupos de colhedores foram libertado de trabalho considerado escravo em diversas fazenda. Eles são “contratados” por empresas e falsas cooperativas, como forma de burlar a legislação. Os salários são aviltantes: eles recebem de R$ 0,35 a R$ 0,40 por caixa de 27 quilos colhida, o que gera uma diária que raramente ultrapassa R$ 10.
Agora os promotores do Trabalho qurem que a industria assuma a responsabilidade pelos colhedores, uma vez que elas compram, antecipadamente e por contrato, a produção das fazendas. Pedem a condenação das grandes empresas em R$ 400 milhões de reais, como noticia hoje o jornal Valor Econômico.
Duas centenas de pás de laranja derrubados por um insenstato – ou até um provocador – escandalizam a imprensa, vão para o Jornal Nacional e servem de matéria para os comerciais que a demo-ruralista Kátia Abreu vai colocar no ar com o dinheiro da Confederação Nacional da Agricultura.
Duzentos mil brasileiros e brasileiras trabalhando como mouros para ganharem entre R$ 7 e R$ 10 por dia, no estado mais rico da Federação e num dos agronegócios mais lucrativos, não, não é motivo de escândalo.
Afinal, o que são seres humanos diante do valor supremo da propriedade e do capital?
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