sábado, 13 de junho de 2009

Concurso escolhe melhor casa sustentável

Concurso premia melhor casa sustentável

Através de um consórcio entre 6 universidades e o envolvimento de cerca de 100 estudantes, o Brasil levará o projeto Casa Solar Flex para o Solar Decathlon Europe, que reunirá em Madri 21 protótipos energeticamente eficientes

Imagine uma casa que gere mais energia do que consuma; tenha um sistema inteligente para deixar a temperatura interna agradável, faça frio ou calor no ambiente externo; possua espaços flexíveis que facilmente se transformam em quartos, salas ou cozinhas e, claro, seja uma construção arquitetonicamente bela e com materiais que possam ser reaproveitáveis.

Uma casa assim, ou melhor, 21 casas com características similares serão montadas em uma “Vila Solar” em junho de 2010 em Madri para competirem no Solar Decathlon Europe 2010. O concurso foi criado em uma parceria do governo da Espanha com os Estados Unidos nos moldes do Solar Decathlon, concurso promovido pelo Departamento de Energia dos EUA que consiste em projetar e construir um protótipo de casa auto-suficiente energeticamente, usando apenas o sol como fonte de energia.

O objetivo do concurso, que está em sua primeira edição na Europa, é sensibilizar os estudantes sobre as vantagens e possibilidades do uso de energia renovável e construções sustentáveis.

“Queremos que eles adquiram o sentimento de fazer um trabalho melhor não apenas arquitetonicamente, mas também incluindo valores de sustentabilidade”, explica o gerente da competição, Edwin Rodríguez Ubiñas.

A “Vila Solar” poderá ser visitada pelo público que receberá explicações dos estudantes que construíram cada habitação sobre o seu funcionamento e os pontos inovadores. “É uma espécie de laboratório vivo, porém em vez de apenas uma casa, são 21, com uma grande variedade de soluções para diferentes necessidades, já que temos casas da Finlândia, Brasil e China em um só lugar”, lembra Ubiñas.

Brasil

Cada projeto será desenvolvido por um grupo de universitários de 10 países, entre eles o Brasil, que participa pela primeira vez do concurso Solar Decathlon e é o único país da América do Sul com projeto selecionado.

Seis universidades brasileiras – USP, UFRJ, UFRGS, UFSC, UFMG e Unicamp – formaram uma equipe, chamada Consórcio Brasil, que envolve cerca de 100 estudantes de diferentes cursos, como arquitetura e engenharia civil.

Flexibilidade será a palavra chave do projeto brasileiro – a Casa Solar Flex. Além do teto solar, a casa terá portas solares que podem ser deslocadas por todas as fachadas, permitindo o melhor aproveitamento do sol durante todo o ano, e ambientes internos que podem ter diversos usos e estão prontos para serem usados por portadores de deficiências físicas.

Os alunos se preocuparam em usar elementos da cultura brasileira, como a varanda, um espaço externo que pode facilmente se transformar em interno. “A princípio será uma estrutura de madeira nesta área, porém isto ainda pode mudar, pois temos um ano para finalizar o projeto”, explica Diogo Artur Tamanini, estudante do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e integrante da equipe.

Outro diferencial da casa brasileira é que ela está sendo pensada para ser utilizada por classes mais baixas e poder ser construída sobre qualquer terreno e em qualquer clima. “Depois do concurso, vamos adequá-la e fazer um modelo no Brasil para ser visitada pelas pessoas e, assim, desenvolvermos uma consciência de que uma casa pode ser sustentável ao mesmo tempo que proporcione conforto”, afirma Caique Schatzmann, estudante de arquitetura e urbanismo da UFSC que também participa da criação do projeto.

Os concorrentes do projeto brasileiro serão de universidades da Espanha, Inglaterra, Alemanha, França, Finlândia, Israel, EUA, México e China.

Políticas de incentivo

Com o concurso, os idealizadores também pretendem fomentar o uso de pesquisas e avanços que estão hoje nas universidades, integrar conhecimentos de diversas áreas (ajudando os estudantes de diferentes formações a trabalharem em conjunto), promover o intercâmbio internacional de experiências e incentivar os governos a se engajarem e criarem incentivos políticos.

“Hoje já podemos construir uma casa assim, a tecnologia está madura e os sistemas fotovoltaicos muito avançados. Porém temos uma tendência de inércia que precisamos mudar”, afirma Ubiñas.

O arquiteto espanhol explica que incentivos fiscais e uma regulação rigorosa poderiam estimular esta mudança no modo de construir. Na Espanha, por exemplo, o governo busca promover o uso de energia solar com incentivos como a possibilidade de venda do excedente de energia produzida pelos painéis instalados em residências para a rede elétrica.

Crédito: Divulgação

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