Irã, outra "revolução orquestrada" pelos EUA?
Atualizado em 21 de junho de 2009 às 22:15 | Publicado em 21 de junho de 2009 às 19:52
O clímax de dois anos de desestabilização
Irã, outra "revolução colorida" orquestrada pelos EUA?
por Paul Craig Roberts*, em Counterpunch
Vários comentaristas têm manifestado crença inabalável na pureza de intenções de Mousavi, de Montazeri e da juventude ocidentalizada de Teerã. É como se o plano da CIA, de desestabilização, noticiado há dois anos, nada tivesse a ver com o desenrolar dos eventos de hoje.
Tem-se repetido que Ahmadinejad roubou votos, porque o resultado foi apresentado depressa demais, em tempo que teria sido insuficiente para que os votos fossem contados.
Mas, de fato, Mousavi foi o primeiro a declarar vitória, apenas algumas horas depois de encerrada a votação. É procedimento 'clássico' da CIA, para desacreditar resultados eleitorais que não sejam os 'desejados'. A CIA sempre apressa a declaração de vitória. Quanto mais tempo houvesse entre uma declaração 'preventiva' de vitória e a liberação das tabelas oficiais de votos apurados, mais tempo Mousavi teria para criar a impressão de que as autoridades eleitorais, responsáveis pelas eleições, estariam alterando as tabelas de apuração. O mais engraçado é que tantos finjam que não veem o truque e o golpe; menos engraçado é que sinceramente não os vejam.
Quanto à acusação de que a eleição foi roubada, feita pelo Grande Aiatolá Montazeri, ele foi o candidato inicialmente escolhido para suceder Khomeini; perdeu a disputa para o atual Líder Supremo. Para Montazeri, os protestos são ocasião perfeita para 'acertar as contas' com Khamenei. Em todos os casos seria bom negócio para Montazeri contestar as eleições, seja ele controlado pela CIA ou não – e a CIA tem longa história de sucessos no aliciamento de políticos derrotados em eleições perfeitas.
Está em curso uma luta pelo poder entre os aiatolás. Vários estão alinhados contra Ahmadinejad, porque o presidente os tem acusado de corrupção; assim, Ahmadinejad joga para a platéia de eleitores do interior do país, onde a interpretação mais 'popular' dos princípios do islamismo exige que os aiatolás vivam por padrões de equilíbrio e sobriedade, sem excessos nem de poder político nem de dinheiro.
Pessoalmente, acho que há algo de oportunismo nas denúncias feitas por Ahmadinejad; mas oportunismo é uma coisa; outra, completamente diferente, é a repetição incansável, em todos os jornais e televisões norte-americanas, de 'análises' que 'comprovam' que Ahmadinejad não passa de político conservador, reacionário e 'cúmplice' dos aiatolás.
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