segunda-feira, 26 de julho de 2010

Documentos expõem mortes de civis no Afeganistão

Do tijolaço.

Documentos expõem mortes de civis no Afeganistão

O The Guardian diz que os documentos secretos revelam a verdade sobre a guerra do Afeganistão

No momento em que se investiga a morte de 45 civis em um ataque aéreo na província afegã de Helmand na última sexta-feira, o site Wikileaks entregou à imprensa internacional um relatório com mais de 90 mil documentos militares secretos dos Estados Unidos, revelando, entre outros detalhes, informações sobre mortes não divulgadas de civis afegãos.

Em abril, mostramos aqui um vídeo divulgado pela Wikileaks em que um helicóptero Apache dos EUA destrói um veículo que levava um jornalista da Reuters ferido para o hospital. O ataque causou a morte de 12 pessoas, e o áudio que acompanha o vídeo mostra a sordidez dos soldados americanos ao alvejarem os civis.

Como era de se prever, o que sabemos em termos de vítimas inocentes é muito menos do que realmente acontece no Afeganistão e em todos os lugares em que os EUA se envolveram em guerras. Os documentos indicam que muitas mortes de civis no Afeganistão foram causadas por bombas colocadas em estradas ou resultado de erros em missões da Otan, que não foram registradas. O dossiê expõe as dificuldades dos EUA no Afeganistão, e isso ainda antes de Obama ter aumentado o contingente e os recursos para a guerra.

Um dos documentos, publicado pelo The Guardian, fala de como foi tratado um incidente envolvendo fuzileiros navais americanos, que depois de serem atacados por um homem-bomba, retornaram ao local disparando seus fuzis em tudo que estava a frente deles: garotas adolescentes, homens em seus carros, idosos que caminhavam pela estrada. O saldo da carnificina foi a morte de 19 civis desarmados e 50 feridos.

Porém, nada disso foi registrado no relatório inicial dos fuzileiros, que diz apenas que foram atacados por um homem-bomba e por tiros vindo de diferentes direções, simultaneamente. Os fuzileiros voltaram ao local do ataque duas horas depois e arrancaram as máquinas fotográficas e câmeras dos repórteres que estavam no local.

O fato foi alvo de uma investigação militar que resultou em um relatório de 12 mil páginas, mas para o público foi relatado apenas que a unidade voltou à base.

O fundador do Wikileaks, Julian Assange, afirmou que os documentos revelam que a coalizão internacional pode ter cometido crimes de guerra, o que caberá a um tribunal decidir. Segundo matéria publicada pelo The Guardian, um dos jornais que teve acesso aos arquivos, pelo menos 195 mortos civis estão registrados, um número “provavelmente subestimado porque vários eventos controversos são omitidos nos relatórios diários das tropas no terreno”.

O Conselho de Segurança Nacional dos EUA condenou a divulgação do documento, mas em nenhum momento negou seu conteúdo. A tentativa do gverno norte-americano é desqualificar a Wikileaks, com o argumento de que a organização se opõe à política americana no Afeganistão.

A Wikileaks até hoje não cometeu erros nos documentos e imagens que divulga e não pode ser tachada de irresponsável. As publicações que receberam os documentos afirmaram que não tiveram contato com a fonte primária do vazamento, mas que passaram semanas checando os dados a ponto de terem confiança em publicá-los.

Além das mortes de civis, os documentos mostram que uma unidade secreta formada por forças especiais do Exército e da Marinha dos EUA conduziu missões para “capturar ou matar” líderes da milícia talibã. E preocupações da OTAN com a ajuda de países vizinhos ao Afeganistão, como Paquistão e Irã, a rebeldes talibãs. Será que os EUA vão passar a tratar o Paquistão, a quem dão ajuda militar anual de US$ 1 bilhão, da mesma maneira como fazem com o Irã?

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