quinta-feira, 29 de julho de 2010

Dona Maria José foi vítima de prreconceito

Do tijolaço.
Estranho um nome de um desconhecido aparecer em uma manchete.
Não é filha de Cissa, mas é gente.

As múltiplas faces do preconceito

Os sapatos de dona Maria José foram considerados inapropriados para o exame prático de merendeira

O preconceito contra o pobre se expressa de várias maneiras. Uma típica é aquele olhar de cima a baixo que as elites dirigem à gente mais simples como se os trajes revelassem o que uma pessoa verdadeiramente é. Uma veste mais modesta é ridicularizada e tachada pejorativamente de cafona como se houvesse alternativas de bom gosto a quem pouco tem para vestir.

Numa sociedade consumista, o ter ganha total relevância sobre o ser. A roupa certa, o comportamento padrão sufocam o talento e a autenticidade das pessoas. Essa ditadura leva a situações discriminatórias e absolutamente ridículas como a da mulher que foi proibida de fazer concurso para merendeira da prefeitura de Igaraçu do Tietê, em São Paulo, por causa do sapato simples que usava. A matéria está em O Globo.

O primeiro absurdo da história era o edital do concurso que exigia que os candidatos usassem sapato fechado e sem salto para a prova prática. O que tem a preparação da merenda das crianças com o calçado usado por quem as prepara? E se a candidata não tivesse um calçado como o exigido? Seria eliminada mesmo capaz de fazer o trabalho com carinho e habilidade?

A prefeitura poderia exigir um determinado tipo de calçado e provê-los depois que as merendeiras fossem aprovadas. Exigir isso antes foi um processo discriminatório que só pode ter saído de uma cabeça distante da realidade do país e do próprio município.

Igaraçu do Tietê, a 281 km da capital paulista, aparecia em 2002 como um dos municípios mais carentes em riqueza e com indicadores de longevidade e escolaridade inferiores aos observados para a média do Estado, segundo o Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).

A candidata Maria José de Oliveira, que já tinha passado pela prova escrita, contou que só tinha aquele sapato e estava sem condições de comprar outro. Ela disse ter certeza de que poderia ter feito todas as receitas que eram pedidas e passar no concurso que oferecia salário de R$ 600. Dona Maria José entrou na Justiça por danos morais.

O mais grave é que o advogado da empresa que organizou o concurso, a Triani Assessoria e Treinamento Educacional, reafirmou que a “vestimenta” não estava de acordo com o exigido no edital. A empresa diz em seu site ter longa experiência educacional e uma equipe pedagógica que a credenciou no mercado. Se a insensibilidade demonstrada no concurso for parte da pedagogia da Triani, coitados dos seus clientes.

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